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O mercado financeiro teve uma reação mista ao anúncio do pacote, feito pelo ministro Fernando Haddad em rede nacional. Por um lado, os analistas receberam positivamente a economia estimada de R$ 70 bilhões para os próximos dois anos. Por outro, criticaram a inclusão de medidas como a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil, algo visto como uma promessa de campanha do presidente Lula, mas que impacta as receitas públicas.
Qual foi o impacto da proposta de isenção do IR sobre a opinião de investidores e economistas?
Antes do anúncio completo, uma pesquisa da corretora BGC Liquidez apontou que metade dos investidores acreditava que o corte de R$ 70 bilhões seria positivo. Contudo, a proposta de isentar do IR salários até R$ 5 mil não foi antecipada na sondagem e gerou críticas. Especialistas acreditam que, embora popular, essa isenção pode enfrentar resistência no Congresso por causa das medidas de compensação e por sinalizar um possível déficit fiscal futuro.
Quais são os custos previstos para a isenção do IR, e como o governo pretende compensá-los?
A isenção do IR para salários de até R$ 5 mil deve custar, pelo menos, R$ 45,8 bilhões, segundo Felipe Salto, economista-chefe da Warren Rena. Para compensar essa perda, o governo propôs taxar rendas acima de R$ 50 mil mensais. No entanto, economistas como Helena Veronese, da B.Side Investimentos, questionam a falta de detalhes sobre essa compensação, alertando que a medida pode gerar perda de receita significativa.
O corte de R$ 70 bilhões é suficiente para alcançar a meta fiscal e reduzir a relação dívida/PIB?
Especialistas avaliam que o montante de R$ 70 bilhões é insuficiente para atender às demandas do ajuste fiscal e estabilizar a relação dívida/PIB. Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, destaca que, considerando um corte anual de R$ 35 bilhões, ainda haveria um déficit projetado de R$ 20 bilhões só para 2025. Para alcançar superávits primários que reduzam a dívida, novas medidas serão necessárias.
Como os especialistas avaliam as propostas do governo para ajuste fiscal?
Embora insuficiente para corrigir as contas públicas, o pacote é visto por alguns economistas como um passo na direção certa. André Roncaglia, diretor-executivo do FMI no Brasil, aponta que as medidas atacam injustiças históricas, como os supersalários do funcionalismo público e a baixa tributação das rendas mais altas. Segundo ele, o pacote traz um viés progressivo, mas ainda é cedo para mensurar seu impacto.
Quais foram os efeitos do anúncio nos mercados financeiros?
O anúncio causou turbulência nos mercados. O dólar subiu 1,80%, encerrando em R$ 5,91, o maior valor de fechamento da história. Já o Ibovespa recuou 1,73%, fechando em 127.669 pontos. A notícia de uma ampliação na isenção do IR contribuiu para o clima de incerteza, afetando negativamente os investidores.
Qual o contexto atual da tabela do IR, e como a mudança impacta os contribuintes?
Atualmente, a faixa de isenção do IR é para quem ganha até R$ 2.259,20, com um desconto adicional que, na prática, assegura a isenção para rendas de até R$ 2.824. A proposta do governo eleva significativamente esse limite, beneficiando trabalhadores de renda mais baixa, mas exigindo compensações fiscais para evitar déficits no orçamento.
Quais são as perspectivas futuras sobre as medidas fiscais anunciadas?
Especialistas acreditam que, além das medidas atuais, será necessário adotar novas ações para alcançar superávits primários e cumprir a meta fiscal de déficit zero para 2024 e 2025. Sem isso, a sustentabilidade da dívida pública pode ficar comprometida, aumentando os desafios econômicos nos próximos anos.